domingo, 3 de abril de 2016

DEMOLIDOR DA NETFLIX, SEGUNDA TEMPORADA - PARTE II


Demolidor, segunda temporada, parte 2 (episódios 7-13)

[Contém alguns spoilers]

De maneira geral, os últimos sete episódios da segunda temporada mantêm a qualidade dos seis primeiros, porém, acabam falhando um pouco em manter suas subtramas interessantes e bem amarradas. Creio que os personagens coadjuvantes do universo Marvel sempre foram um diferencial importante em suas histórias de super-heróis, principalmente em se tratando do Homem-Aranha e do Demolidor, que possuem uma galeria de personagens secundários que sempre enriqueceram bastante suas aventuras. Sendo assim, acho louvável a tentativa de conferirem quase um protagonismo para Karen e Foggy, todavia, em diversos momentos, é algo que acaba sendo feito de maneira forçada e irritante: o Foggy nos quadrinhos, muitos vezes, assumiu de fato o papel de quase uma espécie de cônjuge que só cobra e estorva, mas acho que poderiam ter aliviado um pouco na sua antipatia; quanto à Karen, até achei interessante como quiseram mostrar que provar que o Justiceiro não era um monstro era crucial para que ela pudesse convencer a si mesma de que também não era um monstro, uma vez que ela carrega a culpa de já ter matado alguém, contudo, fica difícil suspender a descrença com o livre acesso exagerado que ela tem em qualquer recinto como “quase advogada”, “quase policial”, “quase repórter”. 
Para mim, a Elektra realmente é o ponto mais fraco da série. Sua descaracterização é quase plena, sua personalidade demora a se tornar minimamente atrativa (o que só chega a acontecer no último episódio), e sua origem só a torna uma personagem ainda mais rasa: o que foi mostrado é que, no fundo, ela não passa de uma psicopata – muito longe da personagem criada por Frank Miller que, antes cheia de vida, torna-se amarga, uma assassina fria e empedernida por conta do assassinato do pai. Ainda assim, as cenas em que ela combate ao lado do Demolidor são sempre ótimas! Destaque para uma cena na qual ela mata um homem num carro com sua sai (embora o modo como ela começa a usar a arma seja outro ponto fraco na construção da personagem), transposta diretamente das HQ’s de Miller. O Stick, apesar de continuar sendo um dos melhores personagens da série, também acabou sendo explorado, a meu ver, de forma equivocada. Ao contrário do que vemos na série, nos quadrinhos, ele expulsa a Elektra de sua ordem por perceber que a alma dela havia abraçado a escuridão. Porém, o problema não está exatamente em não terem seguido as HQ’s nesse ponto, mas em deixar as motivações de Stick confusas: uma hora ele estimula Elektra a ser uma assassina para, em outro momento, decidir matá-la por ela ser esse “monstro” que ele mesmo alimentou (tudo bem que ele diz ter apenas tentado domá-la, mas achei bem estranho o método utilizado por ele para atingir tal propósito). Também acho que a ausência dos outros membros da ordem do Stick (mesmo com o teaser do Rocha na outra temporada) comprometeu um pouco a força do personagem bem como o combate com os ninjas da Mão. 
O melhor episódio dessa segunda metade da temporada, “The man in the Box”, é protagonizado pelo melhor personagem dessa segunda temporada, o Justiceiro, e o grande nêmesis do Demolidor, Wilson Fisk, o Rei do Crime. Não sou dos que consideram o Rei do Crime da série a mais perfeita adaptação do personagem, ainda me aborrece toda aquela afetação no modo de falar do personagem: acho que o Rei deve impor respeito já quando se olha pra ele, e não somente quando ele irrompe em fúria. Ainda assim, acho que esse foi o melhor episódio com o Rei em toda a série: – o modo como ele toma para si o poder do presídio, como convence Frank Castle a fazer o seu jogo, seu embate com Murdock, sua luta com o Justiceiro – é justamente isso que faz do Rei um dos maiores vilões da Marvel.
Ainda no episódio “The man in the box”, somos agraciados com uma cena de luta simplesmente espetacular entre o Justiceiro e diversos prisioneiros. Após esse episódio, o Justiceiro ainda terá dois outros grandes momentos, mas foi frustrante não tê-lo visto tendo um papel de mais destaque no último episódio. Desnecessário também toda a demora em mostrá-lo utilizando seu emblema de caveira. Nas cenas em que ele ainda está no tribunal, é dado uma possível explicação psiquiátrica para seu comportamento, que estaria sendo condicionado pelas sequelas de um tiro na cabeça. Isso particularmente não me incomodou, pois pode até render uma boa discussão acerca do que seria sanidade e insanidade. Entretanto, o que eu achei um desserviço ao que eles vinham fazendo com o personagem até então foi o fato do principal responsável pelo massacre da família de Castle ser uma das pessoas mais próximas a ele, mesmo que fosse somente uma questão de traição, já seria uma decisão problemática, pois acabaria limitando sua vontade de punir todo e qualquer criminoso a uma simples cruzada por vingança contra um inimigo pessoal, mas a coisa só piora quando levam adiante a situação de “lugar errado na hora errada”, porque, além de mais uma vez dispersar o foco da motivação do personagem, ainda apela para uma coincidência alarmante. 
Mas, afinal, e quanto ao protagonista da série, o Homem sem Medo? Nessa temporada, o Demolidor não passa por nenhum desenvolvimento muito profundo, o que não é necessariamente algo ruim. Vemos aqui um herói já completo, que já não tem necessidade de uma jornada por auto-descoberta – ele já sabe o que quer e o que precisa fazer. Seu grande desafio é saber lidar com sua vida dupla de advogado de dia e vigilante à noite, e, nisso, ele fracassa miseravelmente, na melhor fórmula Marvel. É muito bom ver tanto Murdock como Nelson atuando realmente como advogados de defesa num tribunal, pena que a genialidade de Matt no exercício de sua profissão não chega a ser tão evidenciada como nos quadrinhos. O romance de Matt e Karen foi bem desenvolvido, mas a castidade exagerada dele causa certo aborrecimento, ainda mais porque o Demolidor nos quadrinhos é bem mais desinibido com as mulheres, ele é, na verdade, um dos maiores conquistadores dos quadrinhos, diga-se de passagem. Mas o grande trunfo da série são as cenas de ação, é sempre extasiante ver o Demolidor em ação, usando seus bastões, executando seus golpes acrobáticos, fazendo uso de seus sentidos ampliados. Suas cenas combatendo ao lado da Elektra são incríveis, principalmente a luta contra os ninjas nas margens de um grande fosso. E o momento em que o Demolidor utiliza seu arpão e cabo retrátil é pra fazer qualquer leitor de gibi vibrar de alegria. O novo uniforme convence plenamente e é sempre um deslumbre vê-lo; com mais detalhes em vermelho e um capacete-máscara muito mais fiel aos quadrinhos.
A conclusão da temporada é satisfatória, mas não tão ousada, poderiam ter explorado melhor o lado místico que envolve a trama dos ninjas, nada realmente é revelado sobre suas intenções, o que eles estão tentando despertar nas profundezas daquele fosso, etc.; o lugar de Elektra como pivô de toda a “guerra” é muito forçado e pouco convincente. Dispensável o recurso nolanista de um grupo de cidadãos mantido como refém para criar um senso de urgência para o herói e uma empatia das mais melodramáticas junto ao público, e é ainda pior por tentar disfarçar que o objetivo mesmo é apenas fazer do interesse amoroso do herói uma donzela em perigo, seria bem melhor que se tivesse feito isso de forma mais honesta. Faltou emoção ao destino final dado a Elektra nessa temporada. Ainda assim, a ação do episódio, bem como de toda a série, acaba salvando tudo no final. 
De modo geral, independente de quaisquer problemas, a segunda temporada de Demolidor consolida a série como uma das melhores séries de TV já feitas e uma das melhores adaptações de um personagem de HQ’s de super-heróis, elevando ainda mais os parâmetros do que se pode fazer com o gênero em outras mídias. Não consegue ser superior a primeira temporada, mas pelo menos se mantém num nível equivalente, sendo melhor em alguns aspectos (ação sobretudo) e mais fraca em outros (história).

DEMOLIDOR DA NETFLIX, SEGUNDA TEMPORADA - PARTE I




Demolidor, Segunda temporada - Parte I 


Assisti até o episódio 6. Acho que já dá para dizer que a série manteve a qualidade e não ficou devendo em nada à primeira temporada, ainda que a primeira tenha desde logo a vantagem de ser mais contida, mas acho que só saberemos se a segunda superou esse desafio ao fim dela. 
O diferencial da série se manteve: bom ritmo e nenhum filler. Entre outros apuros técnicos que tornam a qualidade da série excelente, aprecio particularmente a fotografia, que, embora escura, possui um cuidado grande no uso das cores, principalmente com o amarelo para indicar decadência, podridão – e, ao mesmo tempo, familiaridade, proteção –, não se rendendo à fetichização de uma estética noir mais padrão, e sim buscando alcançar profundidade nesse seu mergulho na perspectiva noir de mundo. Atuações soberbas, diálogos que, pra mim, em vários momentos, conseguem ser extasiantes pela boa carga dramática e alta penetração psicológica, embora quase alcançando os limites da pieguice algumas vezes. O roteiro, apesar de consistente, possui algumas pontas soltas, não diria furos, mas coisas que não ficam bem resolvidas, como, por exemplo, o destino do cachorro do Justiceiro: toda uma relação de companheirismo é construída, de forma muito sutil, nas entrelinhas mesmo, entre Castle e o cachorro (que me lembrou bastante uma excelente história nas HQ’s, desenhada por Mark Teixeira, sobre um cão chamado Max), que rende um ótimo momento dramático em determinada cena, porém, tudo isso é descartado, pelo menos foi o que achei, quando se esquecem do pobre animal; e outro momento que evidencia esses lapsos é o fim do explosivo terceiro episódio e início do quarto, parece que, nesse caso, faltam cenas para ligar melhor o ínterim entre os episódios. 
Quanto ao Justiceiro, finalmente temos uma adaptação digna do personagem, o ator está simplesmente perfeito na pele do homem que declarou uma guerra solitária contra o crime. Ainda que, diferente de sua contraparte mais taciturna dos gibis, esse Frank Castle seja bem mais eloquente e arrazoado, disposto a parar e conversar com o Demolidor para justificar seus atos, não acho que isso represente uma descaracterização do personagem, mas uma abordagem diferente e necessária para a proposta de série – esse Justiceiro mais expressivo, para mim, ainda é um Justiceiro que vale. Além disso, os melhores diálogos estão exatamente nos embates verbais e conversas entre o Demolidor e o Justiceiro. Uma cena que ocorre num cemitério, por exemplo, mostra uma longa revelação feita pelo Justiceiro ao Demolidor sobre um grande arrependimento seu com relação a algo que uma vez negou à filha; a cena é demorada e quase lembra as maiores chatices de um The Walking Dead, ou seja, é um recurso comumente usado por séries de TV, o compartilhamento de uma lembrança íntima para estabelecer uma identificação com o personagem: causa uma certa irritação e frustração toda aquela lamentação, todavia, ao final da fala de Castle, percebemos que, nesse caso,o recurso foi bem empregado, entregando de modo eficiente uma boa carga emotiva.
Mas algo que vai deixar todo fã do Demolidor, de quadrinhos de super-heróis, e de histórias de ação em geral extremante feliz é a pancadaria, sem dúvida essa segunda temporada supera a primeira nas cenas de luta, inclusive com um novo plano sequência num corredor (que continua por uma escadaria), uma espécie de “reboot” daquele visto na primeira temporada, mas longo e mais ousado. 
O uniforme do Demolidor ganha um upgrade no quarto episódio, apresentando mudanças sutis, mas que conseguiram melhorar bastante seu visual (porém, ainda sem o DD).
Os episódios 5 e 6, infelizmente, não têm a mesma força dos episódios iniciais. É a partir daqui que a Elektra entra em cena e, diferente do Justiceiro, não achei que a personagem ficou bem adaptada. A atriz que a interpreta é muito boa, mas a personagem ficou por demais descaracterizada. Ainda não foi apresentada uma origem da personagem, mas o que já foi mostrado destoa muito do que está nos quadrinhos: a Elektra da série é praticamente um Dexter, e isso desde o início, ela não se torna assassina por conta de um trauma, quando Matt a conhece, ela não tem nenhuma doçura ou ingenuidade, o contrário do que se vê nas HQ’s (não conto com “O Homem sem Medo” porque, para mim, o Frank Miller vacilou ali). Porém, o problema não é exatamente a falta de fidelidade (vista até aqui) ao material original, e sim o fato de que a personagem é antipática demais – não acho que esta é uma Elektra que vale (pelo menos até o sexto episódio). 
Mas, no geral, estou achando a série ótima!

sábado, 12 de março de 2016

CONDENADOS A VIVIR


Condenados a vivir (Cut-throats nine, 1972), "Os nove degoladores", de Joaquín Romero Marchent.


Interessei-me por esse faroeste espanhol por ele ser considerado um dos mais violentos já feitos, sem saber que tinha sido uma inspiração para Os oito odiados, mas bastou assistir a cena de abertura para ver que Tarantino o utilizou pesadamente em suas bricolagens feitas no seu mais recente filme: são muitas as similaridades, desde a estrutura, ambientação e uso da violência. É um filme incrível, que lembra demais o cinema do mestre Sam Peckinpah, tanto na crueza com que a violência é mostrada quanto na visão desamparada de mundo. Na trama, um comboio que conduz sete condenados à penitenciária é assaltado. Na confusão que se segue, apenas os sete presos, mais um sargento e sua filha sobrevivem. O sargento agora deve buscar cumprir sua missão de conduzir os homens à prisão, ao mesmo tempo em que tenta proteger sua filha e descobrir qual dos condenados estuprou e matou sua esposa.

CAÇADA MORTAL


Caçada Mortal (A Walk Among the Tombstones), de Scott Frank, 2014.


Fui atrás desse filme achando que teria uma atmosfera noir bem densa, mas o recurso ao clichê usado à exaustão do ex-policial (etc.) traumatizado, forçado a voltar à ativa e se envolver com alguém mais jovem (seja um aprendiz ou alguém a quem deve proteger), encontrando no caminho alguma espécie de redenção, acaba deslocando o filme para uma perspectiva mais amena. É um ótimo suspense, porém. Liam Neeson está muito bem em um papel (um pouco) mais vulnerável.

Na trama, um detetive particular é contratado por um traficante para encontrar os sequestradores e assassinos de sua esposa. Durante a investigação, ele percebe que está lidando com uma dupla de assassinos seriais e precisa impedir que eles façam outra vítima.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

DEMOLIDOR DE MARK WAID


O arco do Waid com certeza merece todos os elogios e prêmios, porém muitos aspectos da história me incomodaram e irritaram bastante, algumas forçações de barra que me lembraram aquele desastre que é, pelo menos para mim, Demônio da Guarda. Além disso, não é uma fase tão jovial como dizem - o Murdock continua se ferrando como sempre, a diferença é que ele não fica na fossa se martirizando. No entanto, é uma série realmente muito divertida e, juntamente com a do Gavião e Cavaleiro da Lua, um dos títulos mais autorais e consistentes da Marvel atualmente.

domingo, 20 de setembro de 2015

RABID DOGS



Cani arrabbiati (Rabid Dogs), de Mario Bava, Lamberto Bava, 1974.

Assistindo ao excelente The Hitch-Hiker (1953), de Ida Lupino (atriz que interpretou várias femme fatales e que se tornou, se não a única, a mais importante diretora de filmes noir), lembrei de Rabid Dogs, do mestre Bava e de seu filho. O filme bem poderia ter sido uma fonte importante para Tarantino em seu Reservoir Dogs, não obstante, Rabid só conseguiu ser lançado, devido aos esforços da atriz Lea Lander, após Reservoir, em 1998. Tensão, agonia e crueza do início ao fim. Final desesperançoso!

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

PAGANDO POR SEXO




Pagando por sexo, Chester Brown

HQ autobiográfica do artista indie canadense Chester Brown. Uma leitura bastante agradável e divertida; a personalidade e o comportamento peculiar de Chester (um dos seus amigos revela em um apêndice que costuma chamá-lo de "robô") rende vários momentos engraçados e, pelo visto, não intencionais. Após começar a se utilizar dos serviços das profissionais do sexo, Chester passa a refletir e a elaborar um ponto de vista bastante crítico em relação ao que ele chama de "amor romântico", que, diferente do que se costuma acreditar, possui data e local de nascimento. Além disso, a HQ também traça uma rica discussão sobre a prostituição, se ela é uma prática indigna e degradante ou tão banal, embora socialmente relevante, quanto várias outras (as comparações entre a prostituição e o trabalho do artista gráfico são ótimas), se ela deve ser descriminalizada, regulamentada, etc. Todas essas reflexões são levantadas, de forma leve e nada maçante, nos momentos em que Chester fala consigo mesmo, nas conversas com seus amigos e amigas ou com as próprias prostitutas, e no rico apêndice ao fim da obra. Algo que a HQ também nos leva a pensar é sobre como, apesar dos pesares, há uma certa “aura”, uma certa “mística” e “glamourização” em torno da vida das profissionais de sexo, são vários os “best-sellers” autobiográficos de ex-prostitutas, mas o mesmo não ocorre com aqueles que recorrem regularmente aos seus serviços, é mesmo possível que eles sejam tão ou mais difamados do que elas.

PÉTALAS


Pétalas, de Gustava Borges, com cores de Cris Peter.

Uma história singela e tocante sobre uma raposinha e um pássaro que se encontram numa floresta durante um rigoroso inverno e, ajudando-se mutuamente, aprendem juntos o valor de uma verdadeira amizade. É o tipo de história para "aquecer" o coração. O quadrinho é inteiramente sem falas, dá para ler numa só tacada, não obstante, assim como vários trabalhos de outro Gustavo, o Duarte, entrega uma narrativa gráfica dinâmica e divertida de se acompanhar. Gustavo Borges é um jovem de apenas 20 anos, mas a força é poderosa nele! Seu belo traço lembra o de Vitor Cafaggi em Valente (há uma arte do Vitor nos extras). Achei o trabalho dele muito mais maduro (não falo só da arte, mas também do roteiro) do que o de outro jovem artista revelação, Felipe Nunes, de 19 anos, autor de Klaus. A arte de Klaus é bem bonita, contudo, sinceramente creio que falta maturidade no roteiro. O álbum Pétalas foi financiado pelo Catarse, ultrapassando sua meta inicial em mais 1000%. O acabamento do álbum é bem caprichado, lombada quadrada, verniz localizado, mas tem poucas páginas, só 55; o papel não é couché, mas é um offset de boa gramatura. Queria ter financiado no Catarse, pois, como o projeto ultrapassou a meta, foi sendo liberado vários brindes.

Comprei por aqui (frete grátis): http://www.lojamarsupial.com.br/petalas

Blog do Gustava Borges: http://edgarhq.blogspot.com.br/

TALCO DE VIDRO



Talco de Vidro, Marcelo Quintanilha, Veneta, 2015. 

A arte e o texto de Quintanilha são de uma beleza e naturalidade embasbacantes! O modo como ele consegue capturar a concretude da vida cotidiana e elaborar um retrato extremamente familiar e desnudado da realidade brasileira, quer seja na representação de rostos, posturas, moradias e ambientes ou nas vozes com que dá vida aos seus personagens - com todos os trejeitos e manias que enriquecem a oralidade - ou ainda no caráter palpável e verdadeiro de suas narrativas, provoca-nos a lançar um olhar revigorado sobre uma efetividade que, mesmo circundante, sempre acaba por tornar-se distante devido a uma indiferença que se vai criando diante de tudo que nos é corriqueiro.

IDA LUPINO


On Dangerous Ground (Cinzas que queimam), 1951.


On Dangerous Ground, 1951, é o segundo filme dirigido por Ida Lupino que assisto. O outro foi The Hitch-Hiker (O mundo odeia-me), 1953, mas antes já havia conferido seu talento como atriz em vários filmes noir. Seu trabalho na direção é sem concessões, firme e com visão própria - autoral. O modo como ela se posiciona no interior de um movimento no qual a ansiedade em torno das relações de gênero e sexualidade exerce papel crucial, oferecendo uma perspectiva que não cai em meros atalhos e lugares comuns, é uma contribuição de suma importância ao cânone noir e ao cinema de modo geral.